Dicas de escrita: 8 coisas que aprendemos com o Pedro Bandeira
Na última quarta-feira, 23, estivemos no evento Encontro com Escritores, promovido pela Universidade do Livro, em São Paulo. Esta edição contou com o autor de literatura infanto-juvenil Pedro Bandeira. Durante o bate-papo, mediado pela editora do autor, Maristela Petreli de Almeida Leite, pudemos aprender muito sobre o ofício de ser escritor. Agora, compartilhamos o que ouvimos dele com vocês:
1. Não espere a inspiração para escrever
Pedro Bandeira começou a carreira de escritor no jornalismo, e isso o ajudou a escrever de tudo, com tamanho e prazos definidos. Ele relatou que essa experiência o fez ter disciplina na carreira de escritor profissional e completou dizendo que trabalha com texto todos os dias. Quando está sem inspiração, traduz letra de música (para pensar no processo de escolha e uso da palavra).
2. Aprenda com os mestres
No começo de carreira, Pedro Bandeira se inspirou em grandes autores para aprender como escrever. Um dos escolhidos foi o Monteiro Lobato. Ele diz que até escreveu um livro inspirado nas Reinações de Narizinho. Em outros momentos da conversa, ele também citou o Conan Doyle, com o Sherlock Holmes, o Cervantes, com Dom Quixote e Machado de Assis, com Dom Casmurro.
3. Conheça o seu público-alvo
Pedro Bandeira é um escritor de crianças que conhece bem o seu público e o universo em que essas pessoas estão inseridas. Quando ele definiu que se tornaria um escritor para crianças e jovens, foi estudar psicologia da educação e as fases do desenvolvimento da criança. Ele também procurou entender as necessidades das escolas e dos pais no processo educacional dos pequenos, bem como os dramas que é descobrir o mundo e se tornar adulto. Todo o embasamento teórico o ajuda não no didatismo — do qual é contra —, mas a manter um diálogo com o leitor.
4. Tenha clareza do seu objetivo ao narrar
"Tudo o que é acontece é presenciado por todas as pessoas, por uma criança de dois anos e por um velhinho", logo ter clareza do seu objetivo ao narrar vai te ajudar a escolher o foco narrativo que você dará à história. O enredo em si, não importa. O que é primordial é tem um personagem e um ponto de vista que mova o leitor, que ajude no amadurecimento dos leitores ao fim da leitura. O como contar é o que importa, porque isso faz com que o leitor leia o livro que está escrito e o que nasce nas entrelinhas. "Histórias não são boas ideias, são cutucões nas emoções das pessoas".
5. Dê às crianças riquezas literárias
É importante tratar a literatura infantil como arte. No caso dos livros para crianças, muitas vezes essa arte vem como a resolução do medo e o escritor tem que ter domínio das sensações para lidar com a emoção, com as tentativas de fuga e de paranoia de seus leitores.
6. Personagem bom ajuda o escritor a escrever
Se você estiver com algum problema para dar continuidade à sua história, provavelmente é porque o personagem está mal construído. Personagem bom ajuda o escritor a escrever quase que sem pensar.
7. Gênero oposto como fuga da autobiografia
Perguntado sobre a razão de a maioria dos seus livros ter uma protagonista feminina, Bandeira foi enfático em dizer que ele busca o ponto de vista oposto para que as pessoas não pensem que seus livros são autobiografado. Esta foi a maneira que ele encontrou para que seus leitores distanciassem os personagens do autor. Segundo ele, "o artista tem que ver o outro" e escrever em outro gênero o ajuda nessa busca.
8. Tenha compromisso com o seu leitor
Para Pedro Bandeira, não existe isso de escritor profissional escrevendo apenas para si próprio. Escritor que é escritor escreve para o outro. "Você está falando com alguém, respeite o seu leitor".
Quer ter um gostinho do que o Pedro Bandeira disse na palestra? Então, dê o play:
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